segunda-feira, 7 de março de 2011

Remos

Aproveitando minha animação para posts nesse carnaval, andei refletindo sobre que remos usar.

A princípio temos duas opções, comprar remos, ou fabricar remos. Os remos prontos são vendidos por diversos fabricantes, com vários modelos, materiais e custos. Amplo material é disponível com uma simples consulta ao oráculo (no caso o google).

Entretanto durante a pesquisa para definir qual modelo de caiaque seria o mais interessante, encontrei algumas imagens e posteriormente comentários sobre remos feitos à mão. Confesso que fiquei babando no trabalho de alguns produtores profissionais de remos de madeira, são lindos. Ao pesquisar um pouco mais sobre o assunto, vi que o pessoal que usa esses remos tende elogiar bastante, assim como os materiais modernos os remos de madeira são produzidos em vários formatos, como o formato clássico esquimó, ou o remo simples, ou ainda o modelo do leste groenlandês, e o modelo em madeira mais próximo dos remos comerciais atuais.

Idéias mil, mas acabei por me decidir a fabricar o remo no estilo clássico esquimó, com uma lamina longa e estreita, desenho desenvolvido ao longo de muitos anos de experiência caiacando. Há uma variação no desenho desse remo, chamado remo para tempestades, ainda mais curto, e com utilização restrita a condições climáticas desfavoráveis. O desenho do remo promete um desempenho e manejos suaves, evitando sobrecargas na musculatura dos membros superiores e punhos, pois tem menor arrasto e exige menor força no manejo. Como minha intenção com esse barquinho de 6 m é passear, e por que não fazer viagens um pouco mais longas, não preciso de um remo de grande desempenho.

Pretendo utilizar o cedro, mesma madeira do casco, que é uma madeira leve, e fácil de encontrar aqui em sampa. Minha dúvida é se por ser muito porosa, vai aguentar o uso intenso em água. Penso na possibilidade de cobrir com epoxi, o que certamente vai promover uma ótima impermeabilização, e provavelmente melhora no desempenho mecânico.

Vou seguir o projeto do Chuck Holst, que é gratuito e muito bem feito. Em breve nova postagem.

domingo, 6 de março de 2011

Projeto na mão - detalhes

O barco é essencialmente um compósito com a matriz que lhe dá a forma de madeira, reforçada com fibra de vidro e resina epóxi. Esse sanduíche de madeira e epóxi é muito mais forte que a resina ou a madeira sozinhas, e permite uma estrutura bastante leve e resistente. Estimamos o peso final do caiaque em 30 kg, nada mal para seus 6 metros de comprimento. Escolhemos este modelo pois podemos remar com as esposas, só nós, ou ainda posso levar minhas cachorras pra passear, como técnica construtiva é considerada fácil, pois não requer equipamentos sofisticados, nem muita experiência, e ainda tenho a idéia de construir um caiaque de tiras de madeira, com desenho mais sofisticado e impressionantemente belo, mas que requer experiência.

A montagem é teoricamente bastante simples: as placas de compensado 4mm, são cortadas de acordo com os gabaritos de projeto, ao longo de algumas bordas uma sequência de furos é feita, por esses furos são passados os arames, que juntam e estruturam temporariamente o barco. As emendas das placas são preenchidas por tiras de fibra de vidro e resina epoxi, o que estrutura definitivamente o barco, sendo então cortados os arames temporários. Por isso a técnica é chamada de costura e cola (stitch and glue).

O acabamento do fiberglass em uma madeira bonita como o cedrinho dá um belo visual para o barco. Obviamente é possível pintá-lo mas particularmente acho o visual da madeira muito mais bacana.

Essa é uma foto do que vai ser o caiaque, tirada direto do site da Pygmy


Nossa idéia inicial é fazer um barco duplo, mas quero ver a possibilidade de deixar o vão central para um assento de crianças, pra carregar um cachorro, sou só carga mesmo…

Pra começar a fazer um barco desses é necessário ter um espaço coberto dedicado a isso. Por sorte a garagem de casa, já é uma marcenaria e têm exatamente o comprimento do barco 6 m, deixando a porta aberta é possível circular ao redor do barco. Além disso há uma lista de pequenos itens, a serem adquiridos, não menos importantes, como três cavaletes, serra tico-tico, serra japonesa, estilete, alicate, esquadros, sargentos, furadeira, folhas de lixa arame, dentre outras coisinhas…

Com o projeto em mãos já sabíamos que as medidas viriam no sistema de unidades imperial, a tal droga das frações!

Eu fui educado no sistema métrico é difícil me adaptar a esse sistema de medida, onde 12 polegadas são um pé, e que um-trinta-e-dois-avos de uma polegada é algo perto de 0,79mm, e que 27/32 de polegada são o equivalente a 21,42mm, na prática isso se torna muito complicado. Até me esforcei, comprei um metro em polegadas (estranho não, mas não sei outro nome para aquelas reguinhas de madeira dobráveis), mas as divisões não vem com a numeração marcada, e como não são obvias, gastei umas 3 horas só para conseguir marcar um trecho pequeno. No fim me rendi, e estou convertendo todo o projeto para milímetros, unidade a qual tenho alguma familiaridade mesmo sendo a milésima parte do comprimento do trajeto percorrido pela luz no vácuo, durante um intervalo de tempo de 1/299 792 458 de segundo.

Feita a conversão, iniciei a marcação das linhas de corte. É necessário marcar uma linha de base ao longo do comprimento de três placas de compensado, essa linha é a referência para toda a marcação de cortes, portanto deve ser marcada o mais precisamente possível. Para ajudar usei até um laser, veja a foto abaixo!





Mas ainda estou experimentando e testando a melhor forma de fazer a marcação pois dela depende todo o futuro alinhamento do caiaque, se errar aqui ferrou!